segunda-feira, 14 de maio de 2007

Valei-me, São Patrício.

Valei-me, meu São Patrício. Começou a nova novela das seis na Globo. A bruxaria vai comer solta numa comunidade de descendentes de irlandeses, sabe-se lá em que rincão deste país. No canto direito, São Patrício. No esquerdo, magia Wicca. Vai ser uma festa de O'Haras, O'Sullivans, O'Malleys, O'Hollihans, O'Raio-que-o-parta. Ah, e ainda com a participação do grande mago celta Paul O'Coelho. Dizem que a Globo teve de buscar figurantes na polícia de Nova York porque eu, pelo menos, nunca encontrei um irlandês por essas paragens. Estou sentindo que essa novela vai ser um balaio de gatos cultural com arremedos de cultura celta, magia de bolso do Paul O'Rabbit, e halloween. Por falar em halloween, esse novo evento do nosso calendário cultural, deu para ver, no primeiro capítulo, algumas abóboras penduradas pelos cenário da novela. Já acho essa história de réloim uma palhaçada, mostra de um macaquismo imperialista sem tamanho. Saci virou Leprenchaun e Yara, dama-do-lago. Peixeira virou Excalibur e o novato São Galvão não será páreo para São Patrício. Para quem gostaria de saber o que é esse tal de Halloween, uma pequena historinha, catada num site desses, bem fuleiros, de bruxaria

As origens do Halloween, ou veja como isso não tem nada a ver com a cultura brasileira.

Há 2.000 anos passados, os celtas viviam numa área que hoje é ocupada pela Irlanda, Reino Unido e norte da França. Para eles o ano terminava no dia 1 de Novembro. Esta data marcava o final do verão, a última colheita e o começo do frio e escuro inverno. Esta época do ano também era associada à morte das pessoas. Os celtas acreditavam que, após a morte, as pessoas iam para uma terra de eterna juventude e felicidade chamada "Tir nan Og". Eles não possuiam o conceito de céu e inferno. Eles acreditavam,que às vezes, os mortos viviam em pequenas elevações de pedra junto a criaturas imaginárias. Os celtas acreditavam em deuses, gigantes, monstros, bruxas, espíritos e elementais da natureza, mas não os consideravam maus ou perigosos. As fadas, porém, eram consideradas hostis aos homens, por eles ocuparem uma terra que pertencia a elas. Na noite de 31 de Outubro, eles celebravam o "Samhain", quando acreditavam que os espíritos voltavan a terra e podiam se comunicar com os vivos e por vezes, interferir, de forma não muito tranquila na vida das pessoas. De acordo com a mitologia celta, nesta data a ordem natural do universo é suspensa e as barreiras entre o natural e o sobrenatural são temporariamente removidas.

Para celebrar a ocasião os Druidas, que além de sacerdotes, eram possuidores de todos os conhecimentos, acendiam enormes fogueiras sagradas onde o povo oferecia animais e parte de sua colheita em sacrifício para as divindades celtas. Durante as festividades os celtas vestiam-se com peles e cabeças de animais e tentavam prever a sorte uns dos outros. Quando terminava a celebração, os celtas reacendiam seus fogos na pira sagrada, para protegê-los durante o inverno vindouro e para simbolizar o retorno à vida na primavera do ano seguinte.

Por volta do ano 43 D.C. os romanos haviam conquistado a maior parte do território celta. Durante os 400 anos de domínio, dois festivais de origem romana foram incorporados ao "Samhain" tradicional dos celtas. O primeiro foi o "Feralia", um dia no final de Outubro, que os romanos tradicionalmente comemoravam os mortos. O segundo era o dia de venerar Pomona, a deusa romana das frutas e das árvores. O símbolo de Pomona era a maçã e a fusão dos dois festivais, provavelmente, explica a presença da maçã na comemoração do Halloween nos dias de hoje.

Nos anos 800 D.C. a influência do Cristianismo já havia se espalhado pelas terras celtas. No século VII, o papa Bonifácio IV designou o dia 1 de Novembro como o Dia de Todos os Santos, dia de venerar santos e mártires. Acredita-se hoje que o papa tentou substutuir o culto pagão aos mortos, dos celtas, por um aprovado pela Igreja. Esta celebração recebeu o nome de "All-Hallows" ou "All-Hallowmas" (do inglês arcaico Alholomesse, significando dia de todos os santos). A véspera desse dia era o "All Hallows Eve" que acabou virando "Halloween". Mais tarde, no ano 1000, a Igreja transformou o dia 2 de Novembro no dia de Finados, dia de venerar os mortos. Era celebrado de modo parecido com o "Samhain" com grandes fogueiras, procissões formadas por pessoas vestidas de santos, anjos e demônios. As três celebrações, a véspera (31 de Outubro), o Dia de Todos os Santos (1 de Novembro) e o dia de Finados (2 de Novembro) foram chamadas de "Hallowmas".


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