quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Cansou? Agora toma leite de magnésia Philips

Paulo "Cansei" Zotollo, presidente da não menso cansada Philips do Brasil, vai precisar de muito leite de magnésia Philips para a situação indigesta em que se meteu. Sentindo que o dele está na reta, concedeu uma entrevista à Folha de São Paulo, num clima de "veja bem". Mas o leitor poderá ler conferir esse imbrógilo no Contrapauta, com riquezas de detalhes.

Quero me ater a uma declaração do Zotollo, retirado do post na Contrapauta:

Mas a longa entrevista ao jornal reflete outra preocupação: se a campanha de boicote aos produtos da Philips pegar, seu emprego corre o risco de entrar em curto-circuito. Esse pode ser o motivo de sua fala à Folha como ativista. Nela, Zottolo explica que a campanha
nasceu naturalmente, do nada, quase sem-querer, depois de vários encontros e telefonemas
(grifo meu) – todos com sua participação como articulador. “É inadmissível que qualquer movimento de cidadania neste país ou é de oposição ou é de elite”, reclama.

Como assim sem querer, cara pálida?. Depois de vários encontros e telefonemas??? Para mim, vários encontros e telefonemas é articulação, preparação, organização, conspiração, seja lá o que for. Uma geração nada expontânea para o movimento cansado. Mas tudo bem. Se o Zotolinho, como ele provavelmente irá ser carinhosamente chamado pelos executivos da matriz holandesa, depois desse tremendo pé-na-jaca, quer dar essa desculpa esfarrapada, tudo bem. Mas eu, puxando pela minha memória pouco pródiga para textos e citações, me lembrei de um texto de um estudo marxista sobre os movimentos sociais, afirmando que os movimentos sociais não surgem expontaneamente. Graças ao Google encontrei esse texto, intitulado, A abordagem marxista nos estudos sobre os movimentos sociais, de Maria da Glória Gohn, Professora Titular da Faculdade de Educação - UNICAMP. O texto, na íntegra, pode ser lido no site do I Colóquio Marx e Engels. Fico apenas com a parte que interessa, apenas para derrubar a desculpa esfarrapada do Zotolinho, o cansado-mor:

As teorias marxistas sobre os movimentos sociais não abandonaram a problemática das classes sociais. Ela é utilizada no que diz respeito à origem dos participantes, aos interesses do movimento, assim como ao programa ideológico que fundamenta suas ações. Na abordagem clássica marxista os aspectos organizacionais do movimento interessavam à medida que era um dos fatores geradores de consciência social, mas nas análises dos movimentos em si eles quase não apareciam e este é um dos pontos de crítica do paradigma americano aos marxistas, bastante centrado na análise institucional das organizações. O que é destacado nos estudos marxistas contemporâneos é que os movimentos não surgem espontaneamente. São organizações existentes, atuando junto a bases sociais mobilizadas por problemas decorrentes de seus interesses cotidianos, como cidadãos, consumidores, ou como cidadãos usuários de bens e serviços públicos, que geram os movimentos sociais (grifo meu). Eles não existem a priori, tornam-se movimentos pelas ações práticas dos homens na história. Organização e consciência serão fatores chaves para explicar o seu desenrolar. A questão da existência de uma lógica no processo de desenvolvimento histórico é um consenso dentro do approach marxista. Isto significa que a realidade necessita de ferramentas da racionalidade científica para ser entendida, ela contém outras explicações que sua aparência imediata não revela. Através da objetividade pode-se ter acesso à forma e aos modos de como os fatos, fenômenos e acontecimentos em geral da realidade realmente ocorrem e porque eles são desta forma e se apresentam de outra. O debate gira em torno da determinação ou não desta lógica, da hierarquia ou não dos setores que compõem as relações sociais dos homens entre si e com a natureza.

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Um comentário:

Anônimo disse...

heheheh! muito bom, cara.

Lê o Hals significa se informar com uma boa pitada de ironia...

Rasaaasssssssga!!!

Bom findi